Peroá, ou porquinho, e a busca por comer o peixe inteiro

No ES, onde cresci, a tradição nos quiosques à beira-mar era comer peroá. Peixe farto, barato, com carne branca, úmida e de sabor suave. Lá pelo final dos anos 90, talvez começo dos 2000, esse cenário começou a mudar: o peroá tornou-se mais escasso e seu preço foi pras alturas. Passou a ser raro eu comer um na praia.

Em 2010 mudei para Ubatuba. Em alguma visita à peixaria, olhei desconfiada para o peixe porquinho, cujo nome nunca tinha escutado antes, mas a fisionomia me era muito familiar. “Ele é parente do peroá?” – perguntei. Sim, tratava-se do mesmo. Ou, ao menos, da mesma família, conforme me explicaram quando questionei o porquê do peroá ser tão maior que o porquinho. Já nos artigos que li, não havia essa diferenciação e isso me preocupou. Será que pelas bandas de cá estamos comendo filhotes? Se alguém tiver conhecimento sobre essa questão, por favor comente este post para colaborar com o consumo consciente. 

Peroá porquinho peixe-porco

Anos se passaram até eu novamente olhar com curiosidade para o tal porquinho. Isso aconteceu semana passada, na peixaria Ubatubana.

– “Mas por que vocês só vendem ele sem cabeça e sem pele?”
E escutei que o couro era duro e cheirava forte.
– “Pela minha lembrança, com quase toda certeza a gente comia o peroá com pele e tudo, e a bochecha…, ah, que iguaria!”
– “Quer levar um e testar?” – o peixeiro perguntou.
Nem preciso dizer qual foi minha resposta, né?!

O resultado está aqui: uma casquinha crocante e saborosa por fora, uma carne branca e úmida por dentro.

Peroá peixe-porco porquinho peixe frito

Atualização: em visita recente ao Espírito Santo, constatei que o peroá que se come por lá é sem a pele. De volta à Ubatuba, pedi a uma peixaria que quando recebessem o porquinho, guardassem alguns inteiros para mim, tirando apenas a barrigada e a pele. Disseram que para tirar a pele tem que tirar a cabeça. Parece que terei que aprender a tecnologia capixaba para difundi-la em SP. ;)

Preparar um peroá frito é simples assim:

Ingredientes
Peroá limpo (sem a barrigada)
Farinha de trigo para empanar
Óleo para fritar
Temperos a gosto (usei páprica picante, limão, alho, azeite, sal e coentro)

Modo de fazer
Em um prato raso, junte a farinha com páprica e sal. Em outra vasilha, msture os temperos.

Faça três cortes transversais em cada lado do peixe e besunte-os com o tempero. Passe o peixe na farinha de trigo envolvendo-o completamente.

Aqueça o óleo com um palito de fósforo dentro. Quando ele acender, coloque o peixe para fritar.

Assim que dourar um dos lados, vire o peixe e aguarde dourar o outro. Retire do fogo e transfira para um prato com papel toalha para absorver a gordura.

Sirva ainda quente.

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22 comentários

  1. Maria querida
    vc desvendou um grande ” misterio” que eu _ que fiz o mesmo roteiro que vc _ Vitória e Ubatuba – tinha quando sonhava saborear um peroá em Ubatuba.
    Comprei aqui com a Cidinha vende na praia do Itagua
    uns porquinhos e tinham um sabor familiar … mas veio só o filé
    Agora já vou fazer aos moldes capixabas
    É devorar com um limão e brejinha artesanal
    Me acompanha?
    Bjs
    Fabíola

    1. Ahá! Adorei saber disso.

      Voltei ontem do ES e soube que lá eles tiram a pele para fritar. Então, temos uma missão: preparar de uma só vez e comparar ele frito com pele sem farinha, frito empanado com pele e frito empanado sem pele. Bora? ;)

  2. Nayara Cristina Jorge diz:

    Maria, sou de Birigui, SP e no rio Tietê aqui (sim, ele mesmo) se pesca muito porquinho. Não sou pescadora, mas meu marido arrisca as vezes e me disse que são normalmente pequenos mesmo; que é bem pouco provável que um seja filhote do outro. Mas não somos especialistas para afirmar com 100% de certeza.

    Vou tentar fazer dessa maneira que você sugere; normalmente fazemos cozido ou frito em pedaços.

    Um beijo!

    1. No Tietê?!!!

      Nunca comi porquinho cozido. Quando experimentar dessa maneira, me conta o que achou?

      Beijo e obrigada pela contribuição. :)

  3. amei o blog

  4. Um pouco como os janquizinhos, peixinho bem frito com umas rodelas de limão são uma delicia… para comer com moderação :) parabéns pelo blog e bjs

    http://www.iguaria.com/

  5. Ótimo site, Voltarei sempre!

    1. Bem-vindo. :)

  6. amei o blog mais que perfeito

    1. <3

      Bem-vinda.

  7. Que legal esse post!
    Cresci comendo porquinho frito inteiro no litoral de SP, hoje moro no sul e ninguém faz idéia da existencia desse peixe.
    Obrigado pela nostalgia e pelas dicas!

    1. Fico feliz por ter resgatado essa memória aí. :)

  8. Thais Zochi diz:

    Maria, Maria!

    Estou morando em Ilha Comprida e aqui se come muito porquinho nos quiosques, servem frito em pedaços empanados.

    Tem uma história que em alguma época do ano tem tanto porquinho no mar que dá pra pescar com pusal (aquela rede pequenininha, não sei se é esse o nome correto) na beira da água. Se eu descobrir se é verdade te conto!

    Parabéns pelo blog, está maravilhoso!

    Beijos

    1. Obrigada, Thais!

      Sei que tem épocas de muita fartura e preço baixo. No próximo ano vou até estocar um pouquinho. ;)

  9. CARLOS SCHWAB diz:

    Aqui na Maranduba, em certas épocas, muitos porquinhos nadam em direção à terra, vindo a morrer na praia. Não adianta tentar salvá-los, levando para o fundo, pois eles voltam para o raso de novo. Será que esses peixes suicidas podem ser comidos, ou têm alguma doença?

    1. Já vi casos assim na Vermelha do Sul e na praia do Léo. Essa é uma boa pergunta, Carlos. Vou tentar me informar. :)

  10. […] 49. Peroá inteiro: para testar essa receita em casa, você vai precisar apenas do peroá inteiro, farinha de trigo para empanar, óleo para fritar e alguns temperos para dar sabor ao seu peixe. É uma opção que conta com uma lista de ingredientes bem curtinha e um passo a passo extremamente simples. […]

  11. Aparentemente uma receita muito simples e saborosa. Aqui no Sul, onde moro não havia falado ainda neste peixe, mas certamente irei procurar por aqui e testar esta receita. hahaha. Obrigado por compartilhar este conhecimento!

  12. Ademir Maria Richotti diz:

    Sou de São Paulo e fui conhecer o peroá no Rio de Janeiro,no beco da sardinha e achei uma delícia, isso em 2008.Aqui em São Paulo nunca vi esse peixe,e não fazia idéia de que era o porquinho,tão consumido nas nossas praias.

    1. Sempre bom saber que a surpresa não foi só minha. hehe

  13. Erick Lima diz:

    Pois é, Maria. Eu nem tinha o conhecimento sobre esse tal “porquinho” rsrs… Sou Capixaba Também, da Cidade de Cachoeiro de Itapemirim. E aqui a peroá é um dos peixes mais degustados mesmo ( Bom demais )! Vindo do alto mar, mas preciso da nossa pérola capixaba Marataízes. Onde se encontra nas profundezas o melhor peroá do Brasil. Só de falar já dá água na boca.

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