Meu primeiro polvo

Acho que meu primeiro tabu na cozinha foi a dupla arroz com feijão. Já havia me aventurado com pratos como codornas e risotos mas nunca encarado o basicão. Confesso que tinha receio de não fazer bem feito… Nesse tempo eu ainda não tinha panela de pressão e com meu pai aprendi a fazer feijão sem ela: algumas horinhas de molho na água e ele fica no ponto para ir ao fogo com uma folhinha de louro numa panela normal; de preferência de barro, segundo meu pai. Deu certo de primeira. Com o arroz não foi diferente. Bastou ler as instruções na embalagem e em pouco tempo lá estava ele, soltinho.

E não só na cozinha, muitas vezes o difícil está mais presente nas nossas crenças (e medos) que na prática. E nos cabe identificar isso, ou simplesmente acreditar nisso, para nos arriscarmos e descobrirmos que não é tão complicado assim. Cresci numa cidade de 350 mil habitantes e nunca imaginei sair de lá, da minha zona de conforto, da proximidade dos amigos e dos pais. Sabia que seria sofrido. Mas quando a nunca pensada mudança aconteceu, me surpreendi com a naturalidade com a qual ela se apresentava. Fui pra uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes (não gostei não…) e hoje moro numa com 70 mil, que num primeiro momento encarei como muito pequena e menos de dois meses depois vejo-a do tamanho perfeito para mim. Bem diz a minha irmã “basta o primeiro passo pra você entrar no fluxo e o mundo (ou a cozinha) te acolher”.

Com esse espírito, de quem agora mora numa cidade litorânea e acredita que na prática vai ser mais fácil que na pré-concepção, resolvi encarar os frutos do mar. E vocês hão de concordar comigo, não é fácil comer um bom polvo ou uma boa lula num restaurante! Portanto, por essa experiência, eu acreditava que não seria simples fazer um bom polvo, nem borrachudo, em gosmento. Concordam?? Quem respondeu sim, equivocou-se como eu! Vamos a uma das mais simples receitas que já fiz.

frutos do mar

Ingredientes
1 polvo (ou alguns tentáculos);
1 cebola inteira;
sal a gosto.

Modo de fazer
Escolha o polvo e peça para o peixeiro limpá-lo (fiz questão de acompanhá-lo nessa tarefa e achei tão descomplicado que a frase escapou da minha boca “que fácil!” e ele me disse “polvo é o peixe mais fácil de se limpar”). Chegando em casa, lave-o com água corrente e bata seus tentáculos contra uma superfície lisa (pode ser a bancada da pia) para soltar grãos de areia que eventualmente estejam nas cavidades. Lave novamente em água corrente. Acomode-o numa panela junto com a cebola, tampe e coloque em fogo médio. Aqui levou 30-40 minutos para ficar pronto. Acho que minha panela não está com a vedação boa e por isso precisei acrescentar água (quente) ao longo do cozimento. Mas acredito que se a sua tampa for bem encaixada na panela você não precisará fazer isso pois a cebola e o polvo soltarão água suficiente. Se for fazer um arroz de polvo você pode aproveitar essa água para cozinhar o arroz que ficará com uma coloração linda.
As receitas que li diziam que o polvo estará pronto quando a cebola estiver cozida. Mas aqui eu fiz questão de me certificar espetando um garfo nele. Retirei do fogo quando estava macio e só então acrescentei um pouquinho de sal.

Na próxima segunda-feira contarei num post especial o que eu fiz com esses frutos do mar! Até breve!

E é sobre isso que trataremos hoje em nosso artigo tem evoluído ano a ano .

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19 comentários

  1. Helena diz:

    Oi Maria!
    Lindo esse prato! Parabéns! é sobre isso (que parece muito bom) que acompanha o polvo que vc vai falar na próxima semana? fiquei curiosa! pareciam lulas fritas, mas fiquei em saber.
    Eu cozinho polvo na panela de pedra e ele fica suuper macio. Já coloquei o polvo (e lula também) no leite, uns 40 min antes de cozinhar para ficarem macios.E ficaram.
    Parabéns pela aquisição!
    E pelo texto, sempre lindo!
    Beijos

    1. Maria diz:

      Obrigada, Helena!
      São lulas e camarões. O post com todos eles vai ao ar na segunda-feira.
      Legal essa dica do leite. Outra que recebi foi para ao invés de água colocar cerveja red ale ou defumada durante o cozimento.
      Ah, tô participando de uma promoção em parceria com o site Vamos Cozinhar; eles sortearão para os leitores dos sites parceiros kits pra cozinha (livros, aventais, bolsas) e jantar com acompanhante (em São Paulo). Se animar, cadastre-se lá: http://www.vamoscozinhar.com.br/blog.
      Grande beijo!!

  2. Minha amiga,

    Nessa altura da minha vida, tenho tentado a cada momento acreditar que todos os novos caminhos são muito mais fáceis de serem trilhados do que imagina a minha vã filosofia…mas as coisas tem me aoontecido ao contrário…à medida que a idade chega, tudo vai ficando muito mais difícil…a coragem parece que vai se perdendo no labirinto da vida…sei lá, o fato é que já fui mais "atirada" do que tenho sido ultimamente…tenho me acomodado…isso não é bom, eu sei….but…

    Falando de gastronomia, já me considero mais tranquila,mas pouvo ainda não tentei, mesmo porque achar um polvo por aqui é dureza, mas de toda maneira, acho que não terei receio caso tenha essa sorte!

    Gostei muito de ler seu texto, me fez pensar!

    Quanto ao prato, só posso dizer que está magnífico!

    1. Maria diz:

      Que bom que o texto a fez pensar, Renata. Eu também já fui mais atirada… mas sei que essa característica faz parte da minha essência e por mais que eu me afaste dela em alguns momentos, me apego ao fato de que ela está aqui comigo, mesmo que um pouco escondida. Visualize o que é seu ideal de bem-estar e persiga essa imagem; tenho certeza que você chegará lá! : )
      Onde você mora?
      Beijo!

  3. Nossa, Maria. Eu tenho os mesmos medos que você. Medo do básico feijão com arroz. E também preciso desmistificar o preparo dos frutos do mar como polvos e ostras. Parabéns! :-) Deste-me uma boa ideia.

    1. Maria diz:

      Fabiana, uma das coisas que mais me fascina nessa "vida virtual" é a quantidade de pessoas que conhecemos com afinidades ou questões em comum. Pode ser um ambiente frio mas há nele muita possibilidade de troca.
      Acho que a cozinha (para quem gosta dela, claro) é um belo lugar para praticarmos nossa "libertação" dos medos e preconceitos; nela podemos aprender o quão fácil e intuitivo pode ser lidar com questões do dia-a-dia. E vamos lá, do arroz com feijão ao polvo!
      Beijo!

  4. celia diz:

    Maria, fico muito feliz em vê-la feliz assumindo mudanças e cheganças! E vamos comemorar em breve comendo esse polvo tão apetitoso!

    1. Maria diz:

      Vamos sim, Mami!!! Mas primeiro o seu empadão de camarão! ; )

  5. Nossa, Maria, parece que este post veio sob medida pra mim. Passei o fds num curso na qual uma das questões tratadas foi: por que ficar se segurando nos medos quando na verdade eles são uma invenção que a gente mesmo criou na nossa cabeça, e portanto, temos o mesmo poder de descriá-los?…
    Acabei de perceber pelo que você escreveu que a cozinha é um território onde me sinto livre pra voar, ou melhor, pra cozinhar, e um excelente lugar pra eu exercitar essa lição :)

    1. Maria diz:

      Fico feliz que tenhamos podido conversar um pouco sobre isso essa semana. E que as perspectivas sejam de podermos trocar cada vez mais e pessoalmente! Voemos!
      Beijo!

  6. Maria, adoro Polvo! E também tenho um problema com as receitas "clássicas" pelo mesmo motivo, acho que tem gente que faz tão bem que prefiro não arriscar…

    Fiquei curioso sobre os acompanhamentos, volto em breve para conferir. ;)

    bjs

    1. Arrisca sim, Marcel!! Acredito muito em você! ; ) Desculpa a demora em responder mas a semana foi uma correria só. Inclusive, ainda não consegui escrever no seu blog pra dizer que seu post-declaração ficou lindo. Sua esposa é linda e a impressão que dá é que vocês formam um casal sereno e especial. Parabéns pela família; tenho certeza que você a merece muito. E vice-versa.
      Viu pra onde foi o polvo no post de ontem?
      Beijo!!

  7. Fiquei com água na boca de ver este polvo. Acho que vou tentar reproduzir essa receita qualquer momento menos conturbado

    1. Você vai tirar de letra, Armando! Mas me chama só pra eu confirmar, ok?! ; )
      Beijo e bem-vindo por aqui

  8. […] um polvo macio mas sem desmanchar – relutei para encará-lo na minha própria cozinha. Fiz um post pra falar sobre essa estréia e seus preconceitos. E por ter descoberto como pode ser simples, fiz […]

  9. Larissa diz:

    Eu faço parecido e o meu polvo fica praticamente textura de camarão. Esfrego o polvo com limão e bastante sal e lavo. Coloco na panela de pressão, sem água, dependendo do tamanho com uma cebola inteira, se for uns 3kgs, duas cebolas grandes. Quando pegar pressão conto uns 30 minutos. A água uso no arroz de polvo.

    1. Não dá pra desperdiçar aquela água, né, Larissa?! Eu também costumo aproveitá-la no arroz ou para cozinhar macarrão. ;)

  10. Ana Cláudia diz:

    Será que dá para fazer sem ser na panela de pressão?

    1. Dá sim, Ana Cláudia. No link a seguir há uma receita em vídeo ensinando o passo a passo: http://bit.ly/1aSHYIW :)

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