Há alguns meses escrevi uma crônica na qual falava sobre os sabores de infância que não voltam mais. Mas hoje, fazendo estes biscoitos, percebi que tenho algumas histórias felizes de resgate desses sabores. Esta é uma delas.
Quando eu era criança, com frequência passava o Natal na casa da minha bisavó, em Itajubá, sul de Minas. Era uma casa deliciosa, dessas enormes, com piso de madeira, piano e um jardim que abrigava diversas árvores frutíferas. A minha preferida era a jabuticabeira e a memória mais nítida que tenho de lá é de um almoço numa mesa que ficava bem embaixo dela: toda a família reunida e o cão da minha bisavó, naquele tempo tão velhinho quanto ela, mancando, meio banguela, meio cego e meio surdo (pra uma criança essa cena era bem curiosa e engraçada). Já os sabores desse almoço, nenhum ficou marcado em minha memória. O único gosto daquela casa que ainda hoje está na minha boca é de um biscoito redondo que minha bisavó guardava numa lata. O tempo passou, minha bisavó faleceu e o gosto ficou. E me parece que só a mim marcou porque quando mais tarde busquei saber a matéria-prima perguntando aos adultos daquela época, ninguém lembrava do tal biscoito.
Até que um dia, na casa da minha querida tia Marina (tia de vida, não de sangue), ela me ofereceu uns biscoitinhos em formato de bolinha. Na primeira mordida fui transportada para aquele casarão com mãos de menina abrindo a lata… eram eles! Com certeza eram eles! E foi aí que descobri que eram biscoitos de fécula. Naquele dia voltei pra casa com uma folhinha de caderno na qual escrevi a receita. Acho que foi uma das primeiras que fiz na vida…
E é com muito prazer que apresento para vocês, com todo o sabor e com toda a história, os biscoitos de fécula da vovó Zezé e da tia Marina.
Ingredientes
200 gramas de fécula de batata
200 gramas de farinha de trigo
100 gramas de açúcar
200 gramas de manteiga
Modo de fazer
Misture todos os ingredientes até obter uma massa homogênea. Abra a massa numa superfície lisa salpicada com farinha, molde com cortadores próprios (ou faça rolinhos e corte em rodelas) e transfira delicadamente com uma espátula para uma assadeira. Asse em forno médio pré-aquecido e fique atenta ao ponto. Assim que estiver firme ao toque, retire do forno e deixe esfriar sobre uma grade (ou não). Passe no açúcar e guarde em recipiente hermético.
Os da foto eu não passei no açúcar e confeitei com chocolate puro ou com corante. Já aviso que foi intuitivo e que não sei qual o melhor processo. Derreti em banho-maria o chocolate e mergulhei as estrelinhas, finalizando algumas com finas lascas de nozes. As árvores foram feitas com o mesmo chocolate derretido misturado a corantes e aplicados com bico de confeiteiro. Levei à geladeira por 15 minutos, retirei e quando estavam em temperatura ambiente guardei em em potinhos herméticos.
Dica: lembre-se de colocar biscoitos de tamanho e espessura similares numa mesma fornada. Do contrário alguns ficarão prontos antes de outros.
Pode-se passar no açúcar com canela que também fica gostoso.
Já experimentei acrescentar nozes picada e coco ralado à massa mas, para o meu gosto, nenhuma combinação ficou melhor que a receita original.
Com tantas opções no mercado, que já foi motivo para muitas polêmicas – principalmente devido à casos de infarto envolvendo o uso .
Ô, Maria!
Sua história guarda muita semelhança com uma que marcou minha infância, mas ainda vou contar no blog. E também é relativa a biscoitos, simples como os seus. Que coincidência!
O sabor é um aspecto pessoal, que marca momentos, lembra pessoas, revive lugares, remete a etapas da vida que gostaríamos de reviver.
Quando contar a historinha do biscoito, faço questão que você leia e confirme o quão semelhante é. Até na dificuldade de conseguir a receita…
A fécula dá uma textura muito boa, não?
Bjs.
Ôba, Gina! Não vejo a hora de conhecer a sua história! Adora essas boas semelhanças que vamos encontrando pela vida afora!
A fécula dá uma textura muito boa mesmo. Amo esse biscoito! Acho que nunca fiz outro tipo até esse final de semana…
Grande beijo!
Mary,
vc é uma fofa mesmo!
Os biscoitos ficarm lindos!
bjos
Nini, você passou por aqui no dia certo!! Conta pra tia Marina que ela está aqui no blog participando dessa história!
Grande beijo, saudade e até breve!!
Hummmmmmmmmmm!!!!!
Vou fazer ainda hoje!
Bjs
Olá, Emília! Adoro esses biscoitos e desde o natal não os faço. Quero saber o resultado!
Beijo!
Oi Maria!
Clarinha, que agora está na escola, come biscoitos por lá, na hora do lanche.
Fiz esses biscoitos de fécula com e sem recheio. O recheio fiz de maçã, como ensina o Tecknicolor Kitchen. Os sem recheio em formatos diversos, estrelas, corações, borboletas, peixes e dinossauros. Os com recheio, de coração e estrela.
Um sucesso. Tenho de esconder!
Fiz uma pequena alteração: misturei um pouco de farinha integral fina.
Beijos!
Vou olhar esse recheio de maçã, Helena! Fiquei interessada nessa versão.
A Clarinha deve estar uma gracinha na escola. Quando puder mande fotos e notícias por e-mail. ;*
Oi maria!
Vale a pena o recheio. Ele dá maciez ao biscoito, sem deixá-lo mole. Cozinhei a maçã e depois tirei da casca, acrescentei um pouco de canela. Ficou perfeito.
Beijos e mando as fotos, sim!
Vou experimentar quando animar para fazer biscoitos. ;)
Olá ha tempos procuro uma receita de biscoitos que também lembro de comer na lata que minha falecida e querida avó fazia era impossível comer um só,lembro-me que sentava com uma xícara de café com leite e me empanturrava de biscoitos,mas ninguém da minha família também pegou essa receita vou testa-la e depois te conto se é a mesma.