Moro há 5 anos em Ubatuba, um município que agrega mais de 80 praias ao longo de 100 km de costa. Conheço no máximo 20 delas, e já percebi que esse número só aumenta quando recebo visitas. Novos olhares e apetites costumam ampliar os horizontes, mesmo em nosso próprio território. A história a seguir é fruto da chegada de um visitante mineiro, o Marcelo, que veio à Ubatuba para mapear locais para o aplicativo Slow Food Planet (baixem em seus smartphones!).
Nós não nos conhecíamos e, por sorte, meu telefone chegou em sua mãos junto com outras dicas de Ubatuba. (Ainda agora me sinto lisonjeada por terem me considerado parte do roteiro da cidade. rs) Trocamos informações, conversamos com outras pessoas ligadas aos movimentos de consumo sustentável na região e, junto com a amiga Pat, decidimos conhecer a Ilha das Couves. A beleza dessa Ilha é famosa no litoral norte de SP, mas nossa grande motivação era conhecer a criação de vieiras que a Célia e sua família mantém lá.
Havia uma única data possível para nós, e o universo, esse grande aliado, interrompeu a chuva e fez esse dia coincidir com o manejo das vieiras, que ocorre uma vez a cada três ou quatro meses. Vocês não imaginam o tempo e o trabalho envolvidos até a vieira chegar à mesa. Nós também não imaginávamos.
Depois de dirigirmos até Picinguaba ― uma vila de pescadores no norte de Ubatuba ―, subimos no barco do Diogo, filho da Célia. A viagem mal tinha começado e já estava interessante: em meio a uma paisagem paradisíaca, Diogo nos conduziu contando o esforço que sua mãe fez para ele cursar a faculdade e não seguir a profissão dos pais. E ele, exceção ao movimento de sua geração, manteve-se firme em seu desejo: ser pescador.
Na Ilha das Couves, Célia, seu marido Pipoca e sua filha Darlene já estavam há horas trabalhando no manejo e ali compreendemos o que o termo significa. Os filhotinhos de vieira são cultivados em laboratórios e, depois de um mês, comercializados para os maricultores. Uma vez em suas mãos, são colocados em estruturas chamadas lanternas para então irem para o mar, nas chamadas fazendas marinhas. A cada três ou quatro meses, essas lanternas são alçadas do mar e as vieiras retiradas delas. O objetivo desse trabalho é identificar e descartar as vieiras mortas, agrupar as vivas de acordo com seus tamanhos e redistribui-las de novo nos compartimentos das lanternas.
Darlene e Pat em uma das etapas do manejo das vieiras.
O manejo durou um dia inteiro, em três pessoas, ora agachadas, ora em pé. Sabem quanto tempo é necessário para uma vieira estar no ponto para consumo? Cerca de um ano! Essa informação me fez rever a percepção que eu tinha sobre o preço cobrado pela vieira em restaurantes.
Vieira recém-saída do mar. Mais fresca que essa, impossível.
E pensar que esses moluscos existiam espontaneamente na natureza e quase foram extintos pela pesca predatória do camarão. Essa pesca foi proibida, mas não se sabe se a população de vieiras será restabelecida.
Para dar um toque cítrico, limão cravo colhido nos arredores.
A nós, cabe valorizar esses pequenos produtores e buscar informações para garantir um consumo consciente, escolhendo alimentos que sejam bons para nós, para quem os produz e para o meio ambiente. Como diz o Slow Food, alimento bom, limpo e justo.
Ali descobri que galinha come tudo mesmo, até peixe e frutos do mar.
Para completar o passeio, máscara e snorkel para ver de perto os peixes e a criação de vieiras e mexilhões embaixo d’água.
A família da Ilha das Couves: Pipoca, Darlene, Diogo e Célia.
Na ponta esquerda, a Pat; na direita, Marcelo e eu. Ajudamos no manejo e ganhamos um dia lindo e rico em conhecimento e sabores.
Se a ideia for cozinhar as vieiras, recomendo essa receita de linguine com tinta de lula, molho de limão e vieiras.
Serviço
Preço: R$40,00 (uma dúzia de vieiras, compradas com a Célia em Picinguaba)
Telefone: (12) 99763-1051
Telefone do Diogo, para transporte até a Ilha: (12) 99708-0860
Viagra está indicado para o tratamento da disfunção erétil, como medicamento para hipertensão arterial
Maria, muito bacana suas postagens, ricas em informações.
Espero que um dia você possa vir a Domingos Martins.
Abraço e muita Luz!
Elma Hortolani
Olá! Gostei muito do seu blog e, em especial, desse post. Publiquei um texto sobre a Ilha das Couves e citei você aqui: http://www.nativosdomundo.com.br/2016/01/ilha-das…
Parabéns e abraços!
Obrigada, Ana! :)
Esta costa nossa é mágica… um milagre de Deus a cada olha!!!
Concordo plenamente. Vivo agradecendo por estar neste território.
Nossa adorei seu blog, e me encantei com esse post. Que privilegio morar nessa região. Sempre que podemos fugimos para Ubatuba, e não sabia desse passeio fanastico, entre outras dicas de restaurantes que você postou. Parabens !
É realmente um privilégio morar em Ubatuba, Ju. Agradeço todos os dias por ter chegado aqui.
Escreverei cada vez mais sobre a cidade e recentemente publiquei um post com os lugares que mais gosto de comer na região central: http://bit.ly/ondecomerUbatuba1. ;*