Às vezes a sobra é pequena o suficiente para um repeteco saudoso da refeição que se foi. Noutras vezes é farta e estendemos por dias o gostinho de uma comemoração. Mas e quando a refeição original não estava assim tão maravilhosa e ainda por cima sobra? Pois foi nesse dilema que me encontrei depois de comer uma tilápia assada na festa da cidade. O peixe estava saboroso e experimentei pela primeira vez uma versão com escamas crocantes, mas ele era enorme, sua carne estava um pouco ressacada e o cheiro da pele e escamas tostadas um tanto forte. Resultado: metade dele voltou pra casa para ser reaproveitando no dia seguinte.
Sem muito esforço ou criatividade, improvisei um molho de manteiga derretida com pedaços de cebola e alcaparras, reguei o peixe com ele, cobri com laminado e levei ao forno para esquentar. Enquanto isso, cozinhei brevemente batatinhas na água com sal e açafrão e depois as levei ao forno já aquecido com manteiga e alho espremido. Tivemos um almoço mais saboroso que no dia anterior mas, para surpresa dos três à mesa, ainda sobrara metade quando o almoço terminou.
Tudo bem, voltemos com o peixe para a geladeira e amanhã vai ser outro dia. E quando o amanhã virou hoje eu já estava meio enjoada da tainha. Sem receita ou garantia de sucesso não hesite em amassá-la bem junto com as poucas batatas que restaram, o fundinho do pote de homus, algumas alcaparras, dois ovos, uns pingos de leite e umas colheres de farinha de trigo. Provei o tempero, arrisquei um toque de mostarda, completei com salsinha e cebolinha picadas e moldei os bolinhos na colher; passei pela farinha de rosca e levei pra geladeira enquanto cozinhava o arroz. Daí por diante bastou aquecer o óleo, improvisar uma saladinha de tomate, cebola, azeite e orégano, fritar os bolinhos e levá-los à mesa com o arroz e o feijão recém-feitos. E almoçamos todos com fartura e sem nenhuma lembrança ou rancor daquele peixe que tanto durou.
Espero ter inspirado ao menos alguns de vocês a não desperdiçar sem enjoar ;)
De acordo com dados da Food and Drug Administration (FDA) somente nos Estados Unidos, é um estimulante sexual capaz de aumentar o libido e garantir ereções muito mais duradouras.
Maria, acho esses reaproveitamentos uma das coisas mais legais que existem na cozinha. Gosto muito de ler sobre cozinha nos tempos de guerra, porque é uma aula disso, e dá pra perceber que nesses momentos a criatividade aflora! Se te interessar, dá uma olhada nesse site: http://timewitnesses.org/english/food/Rations.htm…. É antigo mas tem coisas interessantes. Na internet tem um monte de artigos falando sobre a cozinha de guerra também, principalmente na Inglaterra.
Minha mãe sempre fala dos "capitães" que minha avó fazia: era um bolinho de sobras de arroz e feijão mas com bastante tempeiro, alho, cebolinha, salsinha. E os 14 irmãos faziam fila para comer.
Precisamos perpetuar esse pensamento e você deu um exemplo muito legal com seu post! Fora que tenho certeza que os bolinhos ficaram deliciosos.
Beijoca!
Nossa, Marina, nunca tinha pensado em pesquisar "receitas de guerra"; obrigada pela dica do site e por dividir comigo seu interesse.
Como é ter 14 tios??! Mal consigo imaginar isso! Já a fila para os "capitães" posso vê-la nítida, na minha frente, sentindo o cheiro dos bolinhos que deviam ser divinos! Avós em geral cozinham com um tempero que só elas são capazes, né?! Ou será que a gente é que guarda um carinho tão especial pelo seu tempero que acreditamos que ninguém mais o reproduz?
O bolinhos de peixe ficaram realmente deliciosos. E amanhã teremos de novo peixe assado; quem sabe não rende mais uns bolinhos? ;)
Beijo!!
Oi Maria,
Mais uma vez falei em você no meu blog.Está lá,na postagem de hoje quando eu sugiro sua farofa de bacon com banana para acompanhar um escondidinho de carne de sol.
Mais uma vez parabéns pelo blog.
Bk,
Lylia
Adorei, Lylia! E já fui lá conferir! ;**